Manoel
Gonçalves de Souza Moreira
(Manoelzinho
do Hospital)
*Guaracy
de Castro NOGUEIRA
Nasceu
em Santana do São João Acima, aos 19 de dezembro de 1851, filho de Manoel José
de Souza Moreira e de Dª Ana Joaquina de Jesus. Seu pai, Manoel José de Souza
Moreira, nascido em Bonfim, em 5 de fevereiro de 1829 e falecido em Santana do
são João Acima, aos 22 de dezembro de 1898, foi o pioneiro da industrialização
local e a mais importante expressão da família Souza Moreira de Bonfim. Fundou
a Casa Comercial "Moreira & Filhos", de grande importância para a
formação econômica e histórica de Itaúna. Contribuiu pra transformar o arraial
de Santana no principal empório comercial da região Centro Oeste de Minas.
Foi
na firma "Moreira & Filhos" que Manoel Gonçalves de Souza
Moreira, João de Cerqueira Lima e Josias Nogueira Machado (respectivamente
filho e genros do seu patrão), aprenderam e se tornaram hábeis comerciantes.
Manoel Gonçalves de Souza Moreira foi um legítimo herdeiro das qualidades e
virtudes de seu notável pai, que ainda muito jovem se tornou sócio da firma
"Moreira & Filhos" no qual, trabalhando arduamente fez carreira de
balconista a gerente, acumulou desde cedo bom patrimônio e vivendo exclusivamente
para o trabalho.
Participou
ativamente na estruturação da Companhia de Tecidos Santanense, de que, foi
fundador com seu pai Manoel de Souza Moreira. Quando da Assembleia Geral da
fundação realizada em 23 de outubro de 1891, com apenas 29 anos de Idade,
subscreveu 400 ações, no valor de 80 contos, importância altamente expressiva
para época, somente precedido por seu pai, Manoel José de Souza Moreira, que
subscreveu 600 ações, no valor de 120 contos de réis. Ele e seu pai eram
realmente os únicos ricos da família. Depositaram no Banco do Império do Brasil
os 60 contos de réis necessários, 30 de cada um deles, como caução, para lançar
as ações da primeira sociedade anônima de Itaúna.
Foram
a pedra fundamental da mentalidade capitalista de Itaúna, capitalismo caboclo,
familiar e paternalista. Manoel Gonçalves de Souza Moreira, foi diretor e
tesoureiro da empresa desde sua fundação até o ano de 1904, quando, atraído
pelo rápido progresso na nova capital mineira, inaugurada em 12 de dezembro de
1897, no qual, se transferiu pra Belo Horizonte. Lá com sua mentalidade de
empresário bem sucedido, foi um dos fundadores da Companhia Industrial Belo
Horizonte, com capital de 600 contos de réis, sendo eleito na Assembleia de
Constituição, realizada aos 28 dias de agosto de 1906, membro da primeira
diretoria, para o mandando de 1906 a 1911, composta pelos fundadores da
sociedade, a saber: Cel. Inácio Magalhães; Cel. Manoel Gonçalves de Souza
Moreira e Cel. Américo Teixeira Guimarães.
Ante
monarquista histórico, foi o principal fundador em 21 de abril de 1889 do
"Clube republicano 21 de Abril", de Sant'Anna do São Rio João Acima,
sendo eleito pelos noventa membros que o acompanharam na fundação, e também
pelas principais lideranças santanenses, presidente do clube e que se filiou ao
Centro Republicano, de igual nome, em Ouro Preto. Foi também o criador, em 13
de abril de 1890, do semanário o "Centro de Minas", o primeiro jornal
a circular em Sant' Anna do Rio São João Acima.
Ao
regressar de sua viagem à Europa, em Paris, na Cidade Luz, já idoso, passou a
meditar em profundidade sobre o destino a ser dado ao expressivo patrimônio por
ele acumulado. Não possuía filhos e amava Itaúna , a terra de seu nascimento.
Espírito cristão e fraterno tomou a mais importante decisão de sua vida modelar:
fundar, em sua terra natal, uma "Casa de Caridade", e doar parcela
substancial de seu grande patrimônio a uma instituição que viesse a ser
construída com o objetivo de instalar e manter o hospital, um asilo de velho,
um pavilhão pra tuberculosos; bem como investir, conforme recomendado em seu
testamento, na educação dos jovens itaunenses.
Casou-se
com a sua prima Maria Gonçalves de Souza Moreira, conhecida por Dª Cota, no
qual, foi uma das mais extraordinárias personalidades de Itaúna, sem dúvida o maior
filantropo do século XX em nossa cidade, pelo seu alto espírito humanitário.
Este ato o credenciou ao respeito, ao apreço e à eterna gratidão de todos
itaunenses, pois se transformou em nosso maior benfeitor. Faleceu em Belo
Horizonte, aos 20 dias de julho de 1920, aos 68 anos de idade, sendo sepultado,
como do seu desejo, em Itaúna, junto à "Casa de Caridade" que ostenta
o seu benemérito nome.
Sua
Viúva, Dª Maria Gonçalves de Souza Moreira, a caridosa Dª Cota, alguns anos
após, impulsionada por seus sentimentos cristãos e inspirada no belo
ensinamento de seu esposo, fundou o "Orfanato São Vicente de Paula".
Ela faleceu em 26 de novembro de 1954, aos 79 anos de idade, sendo sepultada,
em Itaúna, como de sua vontade, sendo verdadeiro que ela se tornou benfeitora e
benemérita.
Esta
é a origem da "Casa de Caridade Manoel Gonçalves de Souza Moreira",
da Escola Normal e do Colégio Santana.
Organização: Charles Aquino
* Historiador itaunense
Acervo:
Guaracy de Castro Nogueira
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